No mundo da tecnologia automóvel, poucas inovações prometem transformar tão radicalmente a nossa forma de viver, trabalhar e de nos deslocarmos como a condução autónoma. E se pensa que estou a falar de um futuro distante, pense novamente. A verdade é que estamos mais próximos do que nunca de ver carros autónomos nas nossas estradas. Mas, o que realmente significa a condução autónoma? Vamos explorar os níveis de automatização para entender o presente e o futuro desta tecnologia revolucionária.
Nível 0: Sem Automatização
Começamos pelo nível 0, que é, basicamente, a condução tradicional como a conhecemos. Aqui, o condutor é o comandante, responsável por todas as decisões e ações ao volante. Desde acelerar, travar, até ao uso dos piscas, o ser humano está no controlo total. É o bom e velho estilo de condução, onde a única ajuda vem dos conselhos do passageiro ao lado.
Nível 1: Assistência ao Condutor
Entramos agora no nível 1, onde começam a surgir as ajudas tecnológicas. Este nível introduz sistemas de assistência ao condutor, como o controlo de velocidade adaptativo, que controla a aceleração/travagem, ou a assistência na manutenção da faixa de rodagem, que intervêm na direção. Aqui, o carro começa a dar uma mãozinha, mas o condutor ainda tem de ter as mãos no volante e o olho na estrada. É como ter um co-piloto invisível, que nos ajuda a manter a distância de segurança ou a permanecer na nossa faixa.
Nível 2: Automatização Parcial
O nível 2 é onde a coisa começa a ficar séria. Já existem muitos modelos novos em que a automatização parcial combina funções como o controlo de velocidade e a assistência na direção, permitindo que, em certas condições, o carro possa gerir tanto a velocidade como a direção. Mas, o condutor ainda deve estar preparado para assumir o controlo a qualquer momento, o mesmo é dizer, com as mãos no volante. Pense nisto como um modo semi-automático, onde pode relaxar um pouco mais, mas sem tirar totalmente os olhos da estrada.
É neste estágio que a Tesla, a conhecida empresa de Elon Musk, se destaca, em que, apesar da popularidade e das capacidades tecnológicas avançadas dos seus carros, a empresa ainda não ultrapassou o nível 2 da escala de condução autónoma.
Nível 3: Automatização Condicionada
Agora entramos no território da ficção científica que se tornou realidade: o nível 3. Aqui, o carro já pode tomar conta de si mesmo em determinadas condições, como trânsito intenso, permitindo que o condutor desvie a atenção da condução. No entanto, o sistema solicitará a intervenção do condutor se as condições alterarem ou se algo inesperado acontecer.
E não é que a Alemanha decidiu acelerar e se tornou, em 2022, o primeiro país da Europa a dar luz verde à condução autónoma de nível 3? Isso mesmo, um verdadeiro pit stop na história dos veículos autónomos!
Já a Mercedes foi o primeiro fabricante automóvel do mundo a conseguir um feito notável, obtendo a homologação das autoridades dos estados da Califórnia e do Nevada, nos Estados Unidos, para o seu sistema de condução autónoma de nível 3, o Drive Pilot. Contudo, alcançar este nível de automatização, algo que marcas como a Audi com o A8, e Honda com o Legend, também já conseguiram, não é o maior desafio. A verdadeira complexidade reside nas preocupações legais associadas, que limitam a disponibilidade desses modelos avançados a regiões e condições muito específicas.
Nível 4: Automatização Elevada
Chegando ao nível 4, entramos numa era onde o carro pode lidar com a maioria das situações de condução sozinho, sem qualquer intervenção humana. No entanto, esta automatização continua a ser limitada a áreas ou condições específicas, apenas em percursos pré-definidos. Esta é a fase em que o conceito de “carro autónomo” começa a corresponder à imagem que muitos têm em mente: um veículo capaz de levar passageiros de um ponto A a um ponto B sem qualquer intervenção humana dentro de seu ambiente operacional designado. O condutor pode verdadeiramente descontrair, ler um livro ou desfrutar da paisagem.
Para que esta proeza tecnológica se torne realidade, um arsenal de hardware de alta tecnologia é necessário. Estamos a falar de uma panóplia de sensores, incluindo câmeras, radares, LiDARs (Light Detection and Ranging), e sistemas de posicionamento global (GPS), juntamente com unidades de processamento de elevada capacidade. Estes componentes trabalham em uníssono, combinando e analisando dados dos sensores em tempo real, permitindo que o veículo navegue de forma autónoma pelo mundo. O software, esse cérebro digital, desempenha um papel igualmente crucial, capaz de identificar objetos, prever comportamentos e tomar decisões de condução seguras em frações de segundo.
Mas atenção, ainda estamos numa fase em que esta tecnologia é aplicada principalmente em testes ou contextos muito específicos.
Waymo e Cruise são protagonistas na arena da condução autónoma. A Waymo lançou o Waymo One, o primeiro serviço comercial de táxi autónomo, em dezembro de 2018 em Phoenix, Arizona, oferecendo viagens em veículos sem condutor em zonas pré-estabelecidas. Paralelamente, a Cruise, uma empresa da General Motors, destacou-se com os seus testes dos Cruise AVs em São Francisco desde 2016, enfrentando as complexidades urbanas da cidade.
Já no Japão, veículos autónomos de nível 4 foram autorizados, a partir de abril de 2023, para uso de entregas e em serviços de trânsito, como autocarros em regiões com populações em declínio. Com olhos postos no futuro, o país asiático ambiciona implementar sistemas de trânsito automatizados de nível 4 em mais de 40 locais até o final do ano de 2025.
Este nível não só altera a experiência de condução, como também promete transformar o conceito de mobilidade urbana, com potencial para reduzir significativamente os acidentes causados por erro humano.
Nível 5: Automatização Total
Por fim, chegamos ao Santo Graal da condução autónoma: o nível 5. Aqui, a intervenção humana é completamente desnecessária. O veículo pode operar em qualquer condição ou ambiente, exatamente como um ser humano. É a promessa de um futuro onde pode pedir ao seu carro para ir buscar as crianças à escola ou para ir às compras enquanto trabalha ou relaxa em casa.
Até à data, alcançar veículos totalmente autónomos de nível 5 ainda não é uma realidade e permanece como um objetivo a longo prazo para investigadores e desenvolvedores na indústria automóvel. Os desafios incluem o aperfeiçoamento da tecnologia de sensores, algoritmos de inteligência artificial, regulamentações legais e assegurar a segurança e confiabilidade em todos os cenários possíveis.
O Caminho a Seguir
Ao explorar estes níveis, torna-se evidente que a condução autónoma tem o potencial não só de mudar a forma como nos deslocamos, mas também de redefinir as cidades, melhorar a segurança nas estradas e impulsionar a eficiência energética.
Com o avanço constante desta tecnologia, é imprescindível que progressos nesta área caminhem lado a lado com discussões aprofundadas sobre as implicações em termos de regulamentação, segurança e impacto na sociedade. Um diálogo aberto e construtivo entre os fabricantes de automóveis, os legisladores, os especialistas em tecnologia e a sociedade é essencial para assegurar que o advento da condução autónoma beneficie todos de forma equitativa e segura.
À medida que nos aproximamos desse futuro, é emocionante imaginar as possibilidades que a condução autónoma promete desbloquear.
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