O tema da degradação das baterias nos carros elétricos continua, em pleno 2025, a ser um dos argumentos mais repetidos – e mais desinformados – por quem critica a mobilidade elétrica. A narrativa de que “as baterias não duram nada”, “passados poucos anos é preciso trocar a bateria”, ou “daqui a uns anos o carro vai para o lixo” está longe de corresponder à realidade atual. E a razão é simples: o mundo mudou, a tecnologia evoluiu, e os dados estão aí para quem quiser ver.
As Origens do Mito: A Geração Pioneira
Para compreender de onde vem este preconceito, é necessário recuar até aos primórdios da mobilidade elétrica moderna, no início da década de 2010. Modelos como o Nissan Leaf de primeira geração ou o Renault Zoe marcaram uma era importante de inovação, mas também enfrentaram limitações naturais do seu tempo:
- Baterias sem sistema ativo de arrefecimento, mais vulneráveis a ambientes quentes e ao envelhecimento prematuro;
- Capacidades reduzidas (24 kWh no Leaf, por exemplo), o que significava maior número de ciclos de carga completos por quilómetro percorrido;
- Gestão eletrónica rudimentar, sem os algoritmos de otimização e proteção que existem atualmente;
- Química menos refinada, como a LMO (óxido de manganês), mais propensa à degradação do que as NMC (níquel-manganês-cobalto) ou LFP (lítio-ferro-fosfato) mais recentes.
A consequência? Sim, algumas dessas baterias perderam entre 20 a 30% da sua capacidade em apenas 5 a 7 anos, especialmente em climas quentes ou quando sujeitas a uso intensivo e cargas rápidas frequentes.
Mas isso é história. Literalmente!
A Realidade Atual: Um Mundo de Diferença
Hoje, um carro elétrico moderno não tem nada a ver com os pioneiros do passado. E isto não é uma opinião, é um facto técnico, comprovado por milhares de milhões de quilómetros reais percorridos por condutores em todo o mundo. Eis porquê:
- Gestão térmica ativa: As baterias atuais são arrefecidas por líquido, garantindo temperaturas ideais em qualquer condição climática.
- Químicas mais robustas: As células NMC, NCA e LFP de última geração são mais estáveis, menos sujeitas a degradação e mais seguras.
- Softwares de gestão (BMS) avançados: Os sistemas de proteção atuais limitam automaticamente cargas/descarregas extremas, otimizam a longevidade e monitorizam cada célula individualmente.
- Capacidades maiores: Um carro com 70, 80 ou 100 kWh exige muito menos ciclos de carga por cada 100 km do que os primeiros modelos com 24 kWh.
- Experiência acumulada: Marcas como Tesla, Hyundai, BMW ou Mercedes já têm centenas de milhares de veículos em circulação com mais de 300.000 km e com degradações médias inferiores a 10%.
Os Dados Não Mentem
- Um estudo independente de 2024 que analisou 6.000 veículos Tesla Model 3 e Y na Europa concluiu que, aos 240.000 km, a média de degradação da bateria era de apenas 9,6%.
- A CATL (maior fabricante mundial de baterias) já produz baterias com uma vida útil estimada superior a 800.000 km.
- A BYD e a Tesla estão a testar baterias estruturais que prometem ultrapassar 1 milhão de km com menos de 20% de perda de capacidade.
E mais: atualmente nenhum fabricante exige a substituição de bateria durante a vida útil esperada do veículo, e todos oferecem garantias de 8 anos ou mais, muitas vezes cobrindo até 70% da capacidade inicial. Isto seria impensável na década passada!
Conclusão: Está na Hora de Atualizar a Narrativa!
Persistir na ideia de que “as baterias degradam-se rapidamente” é o equivalente a dizer que os smartphones de hoje ainda duram 6 horas como em 2009, ou que os carros a gasolina continuam a precisar de afinação do carburador. A tecnologia elétrica evoluiu de forma galopante e continua a evoluir enquanto muitos continuam a debitar argumentos baseados em experiências ultrapassadas e teorias do ‘ouvi dizer’ ou ‘tenho um amigo que…’
Sim, há casos isolados de degradação anormal, como em qualquer componente mecânico ou eletrónico. Mas são exceções, não a regra. E a regra hoje é clara: os carros elétricos modernos têm baterias altamente duráveis, fiáveis e tecnicamente muito superiores às da primeira geração.
Desinformação não é opinião, é falta de atualização. E quem insiste nestes mitos, está simplesmente a falar de um passado que já não existe.
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